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3 de abr. de 2007

Ministro de Lula é investigado pela PF

Mares Guia é investigado sobre transações financeiras suspeitas entre uma de suas
empresas, a Samos, e Marcos Valério

O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB), é alvo de investigações sobre os negócios do empresário mineiro Marcos Valério com o mundo do financiamento ilegal de campanhas políticas. Transações financeiras suspeitas entre uma de suas empresas, a Samos Participações Ltda, e Marcos Valério, fez a Polícia Federal, no ano passado, chamá-lo para explicar a movimentação financeira. Documentos colocam o ministro de Lula como figura central de empréstimos e outras operações destinadas a pagar dívidas de campanhas de aliados sem deixar rastro.Como já noticiado pela revista Isto É, os papéis mostram que em setembro de 2002 Mares Guia sacou R$ 507.134 da conta da Samos Participações Ltda., sediada em Belo Horizonte, e depositou o dinheiro direto na conta de Marcos Valério. Toda a transação aconteceu na agência do Banco Rural em Belo Horizonte, a mesma onde funcionou a central de saques milionários destinados a alimentar os políticos mensaleiros. A operação fez parte de uma triangulação montada para quitar uma dívida do então candidato a senador Eduardo Azeredo (PSDB) com Marcos Valério. O empresário que mais tarde viria a se tornar o patrono do mensalão havia ajudado Azeredo. Na semana anterior ao depósito, Marcos Valério desembolsara R$ 700 mil para silenciar Cláudio Mourão, ex-tesoureiro do PSDB que ameaçava denunciar o caixa 2 montado pelo PSDB em 1998, quando Azeredo tentou, sem sucesso, ser reeleito governador de Minas Gerais. Coordenador da campanha do tucano, Mares Guia entrou em cena para acertar com Valério. Para isso, pegou um empréstimo no Banco Rural em nome da Samos Participações, tendo o próprio Azeredo como avalista, e repassou os R$ 507 mil a Valério. O restante, quase R$ 200 mil, Mares Guia quitou em seguida. Com dinheiro vivo.
O socorro de Marcos Valério a Eduardo Azeredo acabou tirando do tucano a presidência do PSDB. Os documentos descobertos desmentem o ministro. À época, Mares Guia admitiu apenas ter tomado o empréstimo no Rural como um favor ao “amigo Azeredo” e negou enfaticamente que tivesse repassado o dinheiro diretamente a Marcos Valério. Aliás, disse que nem sabia que o empresário estava na jogada. O ministro terá de explicar qual foi seu verdadeiro papel na história e, principalmente, de onde veio o dinheiro usado para acertar os ponteiros com Valério. Os investigadores já sabem, por exemplo, que o empréstimo tomado pelo ministro no Banco Rural foi quitado. Mas com dinheiro de outro empréstimo, tomado em outro banco. Tanto na Polícia Federal quanto no Ministério Público Federal, que também investiga as operações, paira a suspeita de que os empréstimos serviram simplesmente para mascarar dinheiro de caixa 2. Em suma, uma simulação sucessiva de empréstimos para arrumar os recursos que compraram o silêncio de Cláudio Mourão.Mares Guia teve participação decisiva no episódio. Foi ele quem chamou Marcos Valério para pedir-lhe que pagasse os R$ 700 mil ao ex-tesoureiro de Azeredo. Em conversas com amigos, Valério confidenciou que fora chamado ao escritório do petebista para acertar os detalhes. Mares Guia contou ao empresário que Mourão estava ameaçando tornar público um dossiê do esquema de caixa 2 do PSDB mineiro nas eleições de 1998 e explicou que tinha de silenciá-lo com dinheiro, mas que precisava dissimular o pagamento. A solução para isso era Marcos Valério. O empresário concordou em contribuir desde que fosse ressarcido depois. O pagamento pelo “serviço” de Valério veio rápido. O empresário deu os R$ 700 mil a Mourão em 18 de setembro de 2002 e, oito dias depois, Mares Guia quitou a dívida.
Editorial: http://www.novojornal.com.br/

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