Os pescadores da Colônia de Pescadores do Rio São Francisco, em Três Marias (MG), soltaram nesse final de semana (dias 31 de março e 1º de abril), uma nota pública denunciando a alta mortalidade de peixes provocada pelo fechamento do vertedouro da barragem Três Marias. Caminhões lotados de peixes mortos foram retirados do local pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Segundo os pescadores a Cemig fechou na sexta-feira, dia 30, por volta das 20 horas, o vertedouro da Usina Hidrelétrica (barragem) de Três Marias. Os pescadores alegam que não havia necessidade de fechar a barragem, tendo em vista que houve uma boa quantidade chuvas na região no último período.
Impedidos pelo fechamento da barragem, milhares de peixes que estavam em Piracema (movimento de subida do rio para desova e reprodução da espécie) ficaram encantoados em uma “bacia de água” de cerca 30 metros. Como o vertedouro foi fechado, a água parou de ser renovada, o oxigênio na água acabou e os peixes acabaram morreram. Outros milhares de peixes foram tragados para dentro das turbinas. Cardumes de várias espécies de peixes mortos estão descendo o rio São Francisco.
Segundo o sargento Eduardo Figueiredo, da Polícia Militar ambiental, dentro de uma máquina (uma turbina) há cerca de quatro toneladas de peixes que serão mortos quando a turbina voltar a funcionar.
O pescador disse Norberto Antônio dos Santos disse que em 48 anos de pesca no rio São Francisco, nunca havia visto algo parecido. “Há 48 anos pesco aqui no rio São Francisco. Nunca vi uma desolação dessa. Da barragem até a barra do rio Abaeté, uns 30 quilômetros, há milhares de peixes mortos e apodrecendo. Há um mau cheiro insuportável por causa dos milhares, senão milhões de peixes mortos apodrecendo” disse o pescador.
Segundo Santos, cinco barcos da Cemig estão recolhendo os peixes mortos. Já foram retirados inúmeros caminhões lotados de peixes para serem enterrados. “Dói muito no coração ver um crime ambiental tão bárbaro como esse nos dias em que estamos vivendo”, desabafou.
Na nota pública, os movimentos sociais denunciam o crime ambiental cometido pela Cemig e alertam que a empresa vem pondo os interesses econômicos de seus acionistas acima dos interesses sociais das populações mineiras. “Além de presentear o povo mineiro com a tarifa de energia residencial mais cara do país a Cemig agora também retira da mesa das populações ribeirinhas o peixe de cada dia”, conclui a nota.
Assinam a nota pública enviada à sociedade: a Federação de Pescadores Artesanais do Estado de Minas Gerais, as Colônias de pescadores de Minas Gerais, a Comissão Pastoral da Terra (MG) e o Movimento Capão Xavier Vivo.
Fonte: Brasil de Fato AQUI
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