Banco usa dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para financiar plantio de eucalipto
Dafne Melo - da Redação do Brasil de Fato
A julgar por seus investimentos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - uma empresa pública federal - está, cada vez mais, deixando de lado o “S” de sua sigla। Desde 1997, a instituição concedeu pouco mais de R$ 9 bilhões em empréstimos para a indústria de celulose e papel. Até 2010, a previsão é investir outros R$ 11 bilhões. Os dados estão disponíveis na página na internet do BNDES. Para efeitos comparativos, o financiamento do governo federal para o conjunto da agricultura familiar foi de R$ 10 bilhões em 2006. Para frei Sério Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), é inaceitável que um banco público criado para gerar o desenvolvimento nacional invista em um setor conhecido por seu alto custo social e ambiental. De acordo com dados do próprio governo federal, retirados do Plano Nacional de Agroenergia, referentes a 2005, enquanto a agricultura familiar emprega, em média, um trabalhador a cada 10 hectares, o agronegócio emprega um trabalhador a cada 100. O deputado federal Adão Pretto (PT-RS) explica que, no caso do eucalipto, o número de hectares para empregar um único trabalhador chega a 185.
DINHEIRO DO TRABALHADOR
Dados específicos sobre empréstimos para plantio de eucalipto - fornecidos pelo BNDES a pedido do deputado federal Adão Pretto - mostram que, apenas para o setor, foram destinados R$ 1,2 bilhões, entre 1999 e 2006. Somente a Aracruz, maior empresa do ramo, com 30% do mercado mundial, abocanhou pouco mais de R$ 500 milhões. Para Görgen, a instituição financeira está fazendo “uso do dinheiro público para promover a anti-reforma agrária”. No Rio Grande do Sul, a Aracruz, a Votorantim e a Stora-Enzo compraram, em quatro anos, 250 mil hectares com o dinheiro do BNDES. No mesmo período, governos federal e estadual desapropriaram apenas 230 mil hectares para a reforma agrária. Outro agravante é que esse empréstimo especificamente foi feito com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “Foi uma opção do Banco de usar essa linha de financiamento que não obriga à empresa a contratar empregados, muito menos a manter vínculo empregatício com os que lá já estão. É uma contradição do Banco usar recursos do FAT para empresas que não vão investir em empregos no campo”, opina Adão Pretto. As contradições não param por aí. O BNDES, que possui 12,5% das ações da Aracruz, concedeu às empresas períodos de carência e amortização da dívida de até nove anos, além de juros que vão de 1,9% a 5%, no caso dos empréstimos para novos plantios. O longo período oferece um negócio sem risco para as empresas, já que o primeiro corte do eucalipto é feito sete anos após o plantio.
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