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22 de nov. de 2006

Crise sobre crise, vira rotina em Januária


Todos os estabelecimentos comerciais de Januária vão fechar as portas na próxima terça-feira, durante uma hora. Será em sinal de protesto e apoio ao movimento grevista iniciado pelos funcionários dos setores de saúde, limpeza pública e obras da Prefeitura Municipal de Januária, que estão a caminho do quarto mês sem receber pagamento. A decisão foi tomada ontem, em reunião conjunta da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Januária.
Reduzidos à condição de pedintes, os funcionários do município montaram uma barraca em frente à Prefeitura, para receber doação de alimentos. Muitos estão sem o que comer. Sem receber pagamento, não conseguem pagar os mercadinhos onde estão acostumados a comprar. Com o crédito cortado, a única saída que encontraram foi esmolar junto à comunidade e ao empresariado. Solidários com a causa, comerciantes e moradores de Januária passaram a doar vários tipos de alimentos na barraca, que são divididos principalmente entre os funcionários mais humildes.
Dificuldades para ter o que comer, entretanto, não é o único problema que os funcionários da Prefeitura de Januária enfrentam. Muitos estão sem energia elétrica e sem água tratada. O fornecimento dos dois itens foi suspenso pela Cemig e pela Copasa. A caminho do quarto mês sem receber pagamento, vários servidores estão com duas e até três contas de água e energia atrasadas.
As duas mais importantes entidades representativas da classe empresarial da cidade não se conforma com a situação e abandonaram a sua tradicional posição de neutralidade. Espalharam pela cidade diversos out-door. Neles, classificam o prefeito de “incompetente” e pedem solução urgente para a falta de pagamento dos funcionários municipais, que deflagraram semana passada nova greve por período indeterminado..
Segunda-feira os servidores lotaram o auditório da Câmara Municipal. O vereador José do Patrocínio Magalhães Almeida (PT), o Zezé da Copasa, pediu que o prefeito João Ferreira Lima, de 72 anos, tenha um gesto de boa vontade para com a cidade e renuncie ao mandato, por não demonstrar ânimo nem competência para resolver os problemas da cidade.
Terça-feira, dia em que o comércio fechará as portas em sinal de solidariedade aos servidores municipais, os grevistas vão percorrer as ruas da cidade com um caixão e, em seguida, farão o enterro simbólico do prefeito que, desde o início da crise, evita ir à Prefeitura, despachando de sua fazenda ou de Belo Horizonte

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