Hoje vamos lembrar de Jorge Santos. Do cantador Jorge Santos. Do amigo Jorge Santos - cuja política maior residia nos acordes de sua viola, a nos acordar para a música que canta a gente do Norte de Minas.
Jorge Santos, agora, está no céu, para onde seguiu na noite de sábado, exatamente às 21h26, depois de abatido por uma doença que lhe arrancou precocemente da vida que tanto amava, da nossa convivência, aos quarenta e sete anos.
Jorge ainda era um menino, o menino que sempre foi.
Um menino grande.
Jorge Santos, o amigo Denner Kroger e o inseparável violão (foto: arquivo/ Reginauro Silva)
Mas, eu diria que Jorge Santos, ao morrer, foi premiado. Sim, porque ele fechou os olhos pela última vez na véspera do dia das mães – um prêmio para ele, que viria a ser enterrado no dia seguinte ao lado de dona Dora, a sua mãe inesquecível, companheira, amiga, cuja perda há alguns meses fora um baque para um Jorge Santos já debilitado pela doença que o corroia por dentro.
Morrer no dia das mães, para Jorge Santos, foi como se ele tivesse voltado ao útero daquela mulher que o colocara no mundo, que o cercara de carinho e de amor e que, finalmente, o recebera de volta para a eternidade que passaram a compartilhar, criadora e criatura. Ambas divinas, iluminadas.
Jorge Santos morreu, é difícil acreditar, mas antes de partir, para sempre, ele nos deixou uma herança maravilhosa: as suas músicas, as suas letras falando de amor e de paz. Falando do sertanejo, do homem puro e simples.
Deixou um legado, uma história que marcará a nossa história, a nossa vida.
Mas, por outro lado, Jorge Santos partiu sem que toda a sua luta fosse reconhecida. Em Montes Claros, terra amada, ele foi como o santo de casa que não faz milagre. Teve de pegar estradas, de encarar outros caminhos feito um auto-exilado, com a sua viola ao ombro, procurando o valor que aqui ele não conseguira encontrar de muitas das pessoas que poderiam tê-lo feito. Ele não queria o sucesso, mas o respeito de seus conterrâneos. Isso ele conseguiu, mas não na quantidade que merecia embora na dose necessária para incentivá-lo a seguir na luta. Com a doença, teve de deixar as estradas e voltar para Montes Claros, para se tratar. E, ainda que abatido nos últimos meses de vida, o Jorge Santos que encontrávamos era uma pessoa que procurava mostrar alegria, lutando por viver mais um pouco, para poder nos brindar com novos trabalhos. Não teve tempo para isso. Queríamos muito mais de Jorge Santos, é verdade, mas o que ele nos deixou é para sempre. E para sempre é mais que muito.
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