Uma cena que pode assustar famílias conservadoras deve fazer parte da rotina das escolas a partir de 2008. Uma adolescente aperta o botão da máquina e tira, ao invés de um refrigerante ou de um pacote de salgadinhos, uma camisinha. Não é um cenário de filme de ficção. As camisinhas, antes distribuídas em postos de saúde, estarão acessíveis aos adolescentes nas próprias escolas depois da implantação de um projeto do Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Saúde para a prevenção à aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. Tudo começará com um concurso nacional voltado para os centros federais de educação tecnológica, os Cefets. Eles serão responsáveis pela elaboração de um projeto pedagógico e de uma máquina, semelhante às de refrigerantes, da qual os alunos retirarão os preservativos. "A intenção é associar a tecnologia do aparelho a uma tecnologia social capaz de desenvolver uma cultura de saúde e prevenção para esses jovens", explicou a coordenadora-geral de articulação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), Rosiléa Wille. A estimativa do MEC é de que o protótipo desenvolvido a partir do concurso esteja em toda a rede de ensino já em 2008. O projeto vencedor receberá o Prêmio de Inovação Tecnológica em Prevenção de DST, HIV e Aids e um prêmio em dinheiro no valor de R$ 50 mil, na forma de recursos e equipamentos para a instituição. O segundo e terceiro lugar ganham R$ 30 e R$ 20 mil, respectivamente. As propostas devem ser encaminhadas até 19 de junho de 2007. Reflexão A questão, segundo a coordenadora, não é somente de oferecer os preservativos, distribuídos gratuitamente pelos postos de saúde. Mas de elaborar uma ação educativa capaz de esclarecer os alunos sobre a necessidade do uso do preservativo. "Não é o projeto de uma máquina, mas o desenvolvimento de uma consciência e de uma responsabilidade sobre a sexualidade", afirma Rosiléa Wille. Uma conseqüência imediata da ação, que faz parte do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, é a ampliação do debate sobre educação sexual nas escolas. Cada Cefet pode inscrever várias equipes, compostas por pelo menos um professor e cinco alunos. Cada escola poderá criar um projeto adaptado à rua realidade. Acesso Outro resultado direto da iniciativa é a popularização do acesso aos preservativos, além da familiarização dos adolescentes com o método preventivo. A facilidade de acesso ao preservativo deve também aumentar a adesão dos adolescentes ao método. Hoje, grande parte dos jovens ainda tem vergonha de ir ao posto de saúde ou à farmácia para comprar a camisinha. O fim das férias escolares deve estimular a adesão dos Cefets, que têm prazo até 16 de março próximo para fazer a inscrição. As informações são do MEC.
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