A cidade de Januária já teve nos últimos cinco anos nada menos que sete prefeitos - quatro deles cassados. Com 65 mil habitantes e localizada no norte de Minas Gerais, Januária pode parecer mais corrupta do que a maioria. Ou revelar mudanças políticas importantes que vêm acontecendo no País, como o surgimento de uma sociedade civil mais vigilante, um Ministério Público e uma Justiça Eleitoral mais enérgicos. Lá, prefeitos vêm sendo extraordinariamente cassados e punidos por delitos que costumam passar em branco em outros municípios Brasil afora, graças ao trabalho da Asajan - Associação dos Amigos de Januária, organização não governamental de combate à corrupção de Januária, presidida pelo combativo jornalista Fábio Oliva.
Matéria divulgada pela IstoÉ, em 2004 o então prefeito Josefino Lopes Viana (PP) foi cassado por propaganda eleitoral irregular durante sua campanha à reeleição, em 2000. Também acusado de desviar R$ 447 mil de recursos do governo federal, Josefino chegou a ser preso durante seis dias. Depois dele, assumiram quatro prefeitos em menos de um ano. O primeiro, João Ferreira Lima (PMDB), foi nomeado pela Justiça Eleitoral para substituir Josefino Lopes Viana. Durou pouco: o então presidente da Câmara Municipal, Manoel Ferreira Neto (PL), entrou na Justiça e conseguiu assumir o posto em seu lugar. Mas a prefeitura também não ficou nas mãos dele muito tempo. Envolvido em denúncias de fraude numa licitação em um hospital, Ferreira Neto foi cassado poucos meses depois pela Câmara de Vereadores. Entrou o então presidente da Câmara, Waldir Pimenta (PSDB), que conseguiu finalmente terminar o mandato. Seria cômico se a tragédia não continuasse. O mesmo João Ferreira Lima que havia ocupado a prefeitura por poucos dias em 2004 venceu as eleições no final daquele ano. Exerceu o cargo até abril de 2007, quando foi afastado por pressionar testemunhas em uma investigação sobre a Máfia dos Sanguessugas na qual constava como acusado.
Dando continuidade à triste saga, Sílvio Joaquim de Aguiar (PMDB), acabou de ser cassado pela justiça de Januária, que já notificou o vereador Antônio Carneiro da Cunha (PSB), para suceder Sílvio Aguiar.
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