Assalto a Banco do Brasil levou Ruy Muniz para o Dops
Deputado diz que ação foi em favor da resistência à ditadura militar
Amália Goulart
Tido em Montes Claros, no Norte de Minas, como o "Bill Gates da educação", o deputado estadual Ruy Muniz (DEM) começou a adquirir seu patrimônio em um assalto ao Banco do Brasil, em Belo Horizonte. Teria sido o primeiro dinheiro ilícito adquirido por ele em sua carreira. O roubo aconteceu em 1987. Então estudante, Muniz e seu comparsa, Setembrino Lopes, arquitetaram um golpe que resultou no desfalque de R$ 1 milhão dos cofres públicos. Ele ficou pouco mais de um ano preso.Naquela época, pagamentos de prefeituras que tinham contas no Banco do Brasil eram feitos por meio do telex. A prefeitura encaminhava um telex com sua senha e o banco realizava o pagamento.Setembrino, que era funcionário do Banco do Brasil, conseguiu a senha da Prefeitura de Janaúba, também no Norte de Minas. Eles foram à cidade, alugaram um equipamento de telex e enviaram um documento para a agência central do Banco do Brasil, na capital mineira, com uma ordem de pagamento equivalente hoje a cerca de R$ 1 milhão em nome de Luiz Roberto de Souza Marques, nome fictício inventado pelos assaltantes. Muniz se apresentou como Luiz Roberto e conseguiu sacar o dinheiro. Ele aplicou sua parte no roubo. Poucos dias depois do crime, seus comparsas foram presos e o entregaram. O deputado foi detido no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) onde passou pouco mais de um ano. Quando aplicou o golpe ele era suplente de deputado pelo PT. Depois de cumprir pena, Muniz retornou a Montes Claros onde deu início à sua carreira política e empresarial. O golpe é história corriqueira em Montes Claros. Na cidade, Muniz é quase uma figura folclórica. As faculdades e colégios aos quais ele é ligado são um dos maiores empregadores do município. Moradores da região que tiveram ou têm contato com o parlamentar dizem que ele é extremamente inteligente e possui um grande poder de persuasão. "Ele consegue convencer qualquer um. Tem uma lábia impressionante", disse uma fonte que preferiu não se identificar. Quando o assunto é a história do roubo ao Banco do Brasil, os eleitores de Montes Claros dizem que Muniz conta que o golpe teve motivação política: foi um instrumento utilizado para combater a ditadura militar. Porém, todo o dinheiro ao qual o deputado teve acesso foi aplicado, uma parte na compra de dólares, como revelou a polícia na época. Além das acusações de sonegação fiscal, previdenciária, evasão de divisas, falsidade ideológica, fraude a licitação e crime eleitoral, pesa contra Muniz um inquérito na Polícia Federal por calúnia, injúria e difamação. Resposta. Apesar disso, o deputado afirmou em entrevista no sábado que não responde a inquérito policial. Ele também nega que existam processos em seu nome. Muniz acredita que todas as acusações que fazem contra ele têm motivações políticas[/TEXTO_NORMAL]. Ontem, a reportagem tentou ouvi-lo cinco vezes sobre sua prisão e deixou, inclusive, recado em seus celulares. Na primeira vez, a ligação foi atendida por um homem que se identificou como assessor do deputado e que informou que Muniz não poderia falar. Nas outras tentativas, a ligação caiu na caixa postal.
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Tido em Montes Claros, no Norte de Minas, como o "Bill Gates da educação", o deputado estadual Ruy Muniz (DEM) começou a adquirir seu patrimônio em um assalto ao Banco do Brasil, em Belo Horizonte. Teria sido o primeiro dinheiro ilícito adquirido por ele em sua carreira. O roubo aconteceu em 1987. Então estudante, Muniz e seu comparsa, Setembrino Lopes, arquitetaram um golpe que resultou no desfalque de R$ 1 milhão dos cofres públicos. Ele ficou pouco mais de um ano preso.Naquela época, pagamentos de prefeituras que tinham contas no Banco do Brasil eram feitos por meio do telex. A prefeitura encaminhava um telex com sua senha e o banco realizava o pagamento.Setembrino, que era funcionário do Banco do Brasil, conseguiu a senha da Prefeitura de Janaúba, também no Norte de Minas. Eles foram à cidade, alugaram um equipamento de telex e enviaram um documento para a agência central do Banco do Brasil, na capital mineira, com uma ordem de pagamento equivalente hoje a cerca de R$ 1 milhão em nome de Luiz Roberto de Souza Marques, nome fictício inventado pelos assaltantes. Muniz se apresentou como Luiz Roberto e conseguiu sacar o dinheiro. Ele aplicou sua parte no roubo. Poucos dias depois do crime, seus comparsas foram presos e o entregaram. O deputado foi detido no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) onde passou pouco mais de um ano. Quando aplicou o golpe ele era suplente de deputado pelo PT. Depois de cumprir pena, Muniz retornou a Montes Claros onde deu início à sua carreira política e empresarial. O golpe é história corriqueira em Montes Claros. Na cidade, Muniz é quase uma figura folclórica. As faculdades e colégios aos quais ele é ligado são um dos maiores empregadores do município. Moradores da região que tiveram ou têm contato com o parlamentar dizem que ele é extremamente inteligente e possui um grande poder de persuasão. "Ele consegue convencer qualquer um. Tem uma lábia impressionante", disse uma fonte que preferiu não se identificar. Quando o assunto é a história do roubo ao Banco do Brasil, os eleitores de Montes Claros dizem que Muniz conta que o golpe teve motivação política: foi um instrumento utilizado para combater a ditadura militar. Porém, todo o dinheiro ao qual o deputado teve acesso foi aplicado, uma parte na compra de dólares, como revelou a polícia na época. Além das acusações de sonegação fiscal, previdenciária, evasão de divisas, falsidade ideológica, fraude a licitação e crime eleitoral, pesa contra Muniz um inquérito na Polícia Federal por calúnia, injúria e difamação. Resposta. Apesar disso, o deputado afirmou em entrevista no sábado que não responde a inquérito policial. Ele também nega que existam processos em seu nome. Muniz acredita que todas as acusações que fazem contra ele têm motivações políticas[/TEXTO_NORMAL]. Ontem, a reportagem tentou ouvi-lo cinco vezes sobre sua prisão e deixou, inclusive, recado em seus celulares. Na primeira vez, a ligação foi atendida por um homem que se identificou como assessor do deputado e que informou que Muniz não poderia falar. Nas outras tentativas, a ligação caiu na caixa postal.
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Ação beneficente entre irmãos
O deputado estadual Ruy Muniz (DEM) é acusado de repassar R$ 116 mil da Associação Educativa do Brasil (Soebras) para seu irmão Moysés Jackson Borges Muniz. De acordo com auditoria realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a empresa de Moysés, que também é sócio da Soebras, recebeu o dinheiro para prestação de serviços que nunca foram realizados. O irmão de Muniz é dono da empresa Marco Inicial, contratada pela Soebras.Os recursos repassados a ele seriam destinado à reforma de uma das unidades da entidade filantrópica. Em um documento entregue aos auditores do INSS pela Soebras, ele confessa que realmente não houve prestação de serviços por parte da Marco Inicial. A entidade não apresentou à Previdência projeto arquitetônico da obra, alvará de licença e Anotação de Responsabilidade Técnica, documentos essenciais para a realização de reformas de grande porte. Os fiscais do INSS também não localizaram registro relativo à obra no Conselho Regional de Engenharia (CREA), INSS e na prefeitura. "Se os pagamentos foram feitos, mas os serviços não foram efetivamente prestados houve então uma transferência indevida de recursos, sem nenhuma contrapartida para a Soebras da Construtora Marco Inicial, empresa com personalidade jurídica própria. Ou seja, através deste expediente, em tese a Soebras distribuiu vantagem pecuniária ao seu sócio Moysés Jackson Borges Muniz." (AG)
Briga por herança
Ruy Muniz entrou na Justiça há cerca de dez anos pedindo o reconhecimento de paternidade por parte do ex-prefeito de Montes Claros Mário Ribeiro. O deputado foi registrado e criado por Sebastião Muniz, marido da sua mãe, Januária Borges. A ação não obteve sucesso.
O deputado estadual Ruy Muniz (DEM) é acusado de repassar R$ 116 mil da Associação Educativa do Brasil (Soebras) para seu irmão Moysés Jackson Borges Muniz. De acordo com auditoria realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a empresa de Moysés, que também é sócio da Soebras, recebeu o dinheiro para prestação de serviços que nunca foram realizados. O irmão de Muniz é dono da empresa Marco Inicial, contratada pela Soebras.Os recursos repassados a ele seriam destinado à reforma de uma das unidades da entidade filantrópica. Em um documento entregue aos auditores do INSS pela Soebras, ele confessa que realmente não houve prestação de serviços por parte da Marco Inicial. A entidade não apresentou à Previdência projeto arquitetônico da obra, alvará de licença e Anotação de Responsabilidade Técnica, documentos essenciais para a realização de reformas de grande porte. Os fiscais do INSS também não localizaram registro relativo à obra no Conselho Regional de Engenharia (CREA), INSS e na prefeitura. "Se os pagamentos foram feitos, mas os serviços não foram efetivamente prestados houve então uma transferência indevida de recursos, sem nenhuma contrapartida para a Soebras da Construtora Marco Inicial, empresa com personalidade jurídica própria. Ou seja, através deste expediente, em tese a Soebras distribuiu vantagem pecuniária ao seu sócio Moysés Jackson Borges Muniz." (AG)
Briga por herança
Ruy Muniz entrou na Justiça há cerca de dez anos pedindo o reconhecimento de paternidade por parte do ex-prefeito de Montes Claros Mário Ribeiro. O deputado foi registrado e criado por Sebastião Muniz, marido da sua mãe, Januária Borges. A ação não obteve sucesso.
Na contestação, Ribeiro disse que Muniz estava interessado em seu patrimônio e na possibilidade de receber herança. Em sua defesa, Ribeiro sugere golpismo de Muniz. "É público e notório que Ruy Muniz era dado a ter como princípio de fé não pagar dívidas." (AG)
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