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5 de mar. de 2008

Dulci não admite aliança com PSDB em BH

Ministro Luiz Dulci repudia dobradinha PT-PSDB e reafirma que aliança em BH só com as legendas da base do governo Lula

O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci (PT), descartou apoio a qualquer aliança entre petistas e tucanos para a sucessão em Belo Horizonte.Dulci se encontrou ontem com o prefeito da capital, Fernando Pimentel (PT), ocasião em que lhe comunicou que não pretende deixar a pasta que ocupa para concorrer ao pleito.
Pimentel tentou atraí-lo à tese de entendimento com o PSDB em torno de um candidato neutro encabeçando uma aliança entre PT e PSDB. O nome mais cotado é o do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda (PSB).
Dulci disse para o prefeito que nenhuma das propostas apresentadas até o momento são capazes de unir o PT. “Considero a união da legenda pré-requisito para a formalização das alianças. Não acredito no sucesso de nenhuma iniciativa se o PT não estiver unido. Se as hipóteses consideradas até agora não resultaram na unidade do partido, acho que seria de bom senso considerar também outras hipóteses que pudessem favorecer a unidade do PT", argumentou o ministro.
Ele deixou claro que não admite ver os aliados históricos do PT excluídos do processo. “Não sou favorável a abandonar os aliados tradicionais, escolhendo outros. Sou favorável a manter os atuais e agregar outros, havendo base programática para isso, havendo compromissos com a cidade”, afirmou Dulci, acrescentando que legendas como PV, PSB e PCdoB deveriam compor a coligação com o PT.
Discretamente, o ministro criticou as articulações do prefeito Pimentel com o PSDB, sem consultar a base aliada. "Temos que assegurar que os partidos que, há 16 anos estiveram conosco, continuem conosco na mesma aliança. Por enquanto vários deles lançaram candidatos preliminarmente, mas acredito que se consultados de modo adequado, se forem envolvidos na negociação, se a construção da nossa candidatura em Belo Horizonte for realizada com um método compartilhado, estes partidos poderão estar conosco", assegurou.
Segundo Dulci, o presidente Lula já lhe comunicou o que pensa sobre a sucessão em Belo Horizonte: “cabe ao partido decidir os seus rumos”.
Pesquisa
Um grupo de petistas históricos, que não quis se identificar, fez uma pesquisa entre os militantes do partido e garantiu que a tendência é que na reunião do dia 6 de abril seja emitida uma resolução vetando a dobradinha com o PSDB e aprovando o nome de Dulci para encabeçar a chapa do PT.
A esquerda petista defende uma candidatura com aliança apenas com os partidos dos aliados do presidente Lula.
A partir de agora, a estratégia do grupo petista, que defende candidatura própria, é fortalecer o nome de Dulci, a partir de um amplo consenso.
Ele é considerado um nome capaz de unificar a base do PT e com chances reais de vencer o pleito de outubro.
Prerrogativa
O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, enfatizou que manter boas relações com o governo de Minas é importante, mas sem precisar abrir mão da prerrogativa de lançar candidato próprio a prefeito de Belo Horizonte.“Devemos sempre conversar visando interesses superiores da cidade, do Estado, do país, mas não obrigatoriamente temos que estar juntos", resumiu o ministro.
O grupo político do ministro tem feito duras críticas à condução dos entendimentos na capital.
Segundo Patrus, na empreitada conduzida pelo prefeito Pimentel são necessárias duas cautelas. “Não pode haver desqualificação de pré-candidaturas dentro do PT e a eventual aliança deve se dar em torno de um conteúdo programático, não em torno de nomes”, afirmou.
Descontentamento
Se depender dos mineiros que compõem o Diretório Nacional do PT, a instância não vai permitir que o partido junte-se ao PSDB nas eleições deste ano.
Os integrantes da ala nacional petista já manifestaram publicamente descontentamento com as propostas de coligação na capital mineira.
São eles: Gleber Naime, secretário de Comunicação do diretório nacional, os ministros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, e Romênio Pereira, secretário de Relações Institucionais do PT. Estes nomes exigem que o PT encabece a chapa.
O presidente do diretório nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, é a favor de ampliar as alianças, mas condena “aliança artificial”. “Estamos mantendo diálogo com a base nas capitais para ampliar as alianças, mas não adianta aliança artificial. Cada cidade tem um histórico e temos de manter diálogos programáticos com partidos aliados”, argumentou.
O PT marcou reunião para o dia 6 de abril, ocasião em que promete tomar uma decisão sobre o arco de alianças municipais.Berzoini admitiu que essa seria a data para que o partido na capital mineira colocasse fim ao racha.
Demissão
A trombada entre Patrus e Pimentel causou a demissão do filho do ministro, Pedro Luiz Neves Ananias, do cargo de assessor que ocupava na secretaria de Governo, na Prefeitura de BH.
No entanto, Pedro Luiz garante que a saída é pessoal para enfrentar novos desafios. “Foi pura coincidência ela ocorrer no momento em que meu pai e o prefeito têm posições diferentes sobre a sucessão em Belo Horizonte”, afirmou.

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