Montalvânia - Fábio Oliva - A vida do advogado Geraldo Flávio de Macedo Soares, presidente da VIDAC (Verdade, Independência e Desenvolvimento da Associação Cochanina), organização não-governamental de combate à corrupção que atua em Montalvânia, no Norte de Minas, pode estar por um fio. Ele recebeu há alguns dias a denúncia de que havia um plano para assassiná-lo. Num golpe de sorte incrível, o homem procurado para matar o advogado é filho de uma conhecida de Macedo. Ao saber da proposta feita ao seu filho, a mulher procurou o advogado e avisou-o da existência de um plano para matá-lo. Na mesma semana, “Godô”, apelido pelo qual é conhecido o homem procurado para matar Macedo foi preso e encontra-se recolhido a uma cela da Cadeia Pública de Montalvânia, pelo assassinato de outra pessoa. Macedo fiscaliza há 3 anos os gastos da Prefeitura de Montalvânia, sempre apresentando denúncias fundamentadas à Polícia Federal, Ministério Público, Procuradoria da República, Controladoria Geral da União e Tribunal de Contas. Nas denúncias, ele aponta diversas irregularidades na gestão do dinheiro público durante a administração do prefeito e médico José Florisval de Ornelas, do PTB. Semana passada saiu o resultado de uma minuciosa fiscalização realizada pela CGU na Prefeitura de Montalvânia, em novembro de 2007, motivada por denúncias apresentadas àquele órgão pelo advogado. Os fiscais constataram irregularidades em 37% do montante de recursos federais transferidos a Montalvânia entre 2001 e 2007. Os fiscais constataram que, do montante de R$ 2,6 milhões repassados, os prejuízos aos cofres públicos chegam a R$ 948,5 mil. Depois de ser avisado do plano para assassiná-lo, o advogado imediatamente recorreu à Polícia Federal, que colheu o depoimento da mãe e do padrasto do rapaz contratado para matá-lo, identificado apenas pelo apelido Godô. As duas testemunhas disseram às autoridades que o pedido feito a “Godô” partiu de um dos filhos do prefeito de Montalvânia, o também advogado Fabrício Falcão de Ornelas, procurador jurídico do município. A proposta foi feita em um local ermo, nas cercanias da cidade. De acordo com o depoimento das testemunhas, Fabrício ofereceu a “Godô” a quantia de R$ 15 mil pelo serviço. Ele teria oferecido ao rapaz R$ 7,5 mil no momento da contratação do serviço, a arma e a munição, além de um carro com motorista para dar fuga ao assassino. A outra metade seria paga pelo motorista do carro da fuga.
Diante do ocorrido, o Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), órgão a que é filiado a ONG Vidac, sediado em Brasília/DF, procurou diversas instituições da capital federal para apresentar o caso, incluindo a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O objetivo do IFC é preservar a integridade física de Macedo e promover a continuidade dos trabalhos de fiscalização da ONG de Montalvânia.
“Godô” vem sofrendo pressão na cadeia para assinar documento desmentindo o testemunho dado por sua mãe e seu padrasto à Polícia Federal, e teme ser assassinado na prisão.
“Godô” vem sofrendo pressão na cadeia para assinar documento desmentindo o testemunho dado por sua mãe e seu padrasto à Polícia Federal, e teme ser assassinado na prisão.
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