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17 de jul. de 2008

O Modismo das Desculpas

*Lucreciano Rocha

O hábito de desculpar e pedir desculpas nos acompanha desde a infância. O pai sempre exige que os irmãos se desculpem após uma briga, o mesmo acontece com a professora quando um colega de aula ofende o outro.
Na idade adulta, pedimos e recebemos desculpas por vários motivos: um encontrão, uma pisada naquela unha encravada, ou mesmo uma ofensa mais séria como uma piada de mau gosto ou um comportamento inadequado. O ato de pedir desculpas já faz parte do nosso dia a dia. Só que ultimamente pedir desculpas virou moda.
O papa Bento XVI no inicio do seu papado, pediu desculpas à comunidade Judaica em nome da igreja e do povo alemão, pelos atos de barbárie cometidos contra os judeus durante o holocausto.
O árbitro de futebol Carlos Eugênio Simon pediu desculpas ao time do Atlético por uma arbitragem desastrosa. Porém desastrosa é o adjetivo dado, às ações praticadas recentemente por autoridades militares, e todas seguidas de um patético pedido de desculpas.
Apenas o secretario de justiça do Rio de Janeiro, homem de valor inquestionável, em menos de duas semanas por duas vezes veio a público pedir desculpas: a primeira por uma ação trapalhada praticada, pasmem! Pelo o Exército Brasileiro, ao entregar de “presente” três rapazes do morro da Providencia aos inimigos de um morro vizinho. A segunda foi por uma perseguição ao carro errado que culminou com a morte do menino João Roberto.
Recentemente a justiça do Paraná pediu desculpas por outra perseguição policial infeliz, só que a vítima dessa vez não foi um garoto de 3 anos filho de taxista, mais uma jovem acompanhada do amigo. A viúva de Chico Mendes negou o pedido de desculpas do pistoleiro que assassinou o seu marido. O Ziza Valadares não desculpou o árbitro Simon. Quem também não aceitou desculpas, foi a mãe do jovem covardemente assassinado,pelo policial que fazia a segurança do filho da promotora, no Rio de Janeiro.
A questão posta diante das negações de desculpas é; qual o efeito prático disso sobretudo quando a dor da ofensa é bem maior que a dor de um calo ou unha encravada debaixo do sapato de um pisador descuidado?
O pedido de desculpas deve ser acompanhado de uma reparação ou pelo menos de uma sinalização de que o erro não será repetido.
A onda de “acidentes” praticada por policiais, tem que ser tratada como crime, e punida nos rigores da lei. A arma portada pelo policial foi comprada com dinheiro do contribuinte. De forma indireta todo cidadão ta virando criminoso mesmo sem apertar o gatilho. Nesses casos pedidos de desculpas soam como deboche.
Há um ditado que diz: “Depois que inventaram desculpas ninguém mais apanha”, desculpar e pedir desculpas, são atitudes de grande valor que devem ser cultuadas, mas não justifica o erro, nem redimir o culpado da reparação.
O povo está negando desculpas para não virar cúmplice do erro de quem abusa do direito de errar e pedir desculpas para errar de novo.

*Lucreciano Rocha é filósofo e militante político

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo artigo, Lucrécio! Quero acrescentar relacionando a desculpa com a culpa, este sentimento permanentemente culturado pela nossa cultura judaico-cristã. Freud dissecou este pilar da sociedade hipócrita. Quem pede desculpas se declara culpado, responsável pelo ato. Quem pede muita desculpa se declara reincidente. Já não sente culpa. Como você bem disse, já é criminoso. É um pulo pra chegar na psicopatia, estãgio do ferir o outro sem sentir dor em si mesmo.