O prejuízo político que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu com o afastamento do delegado Queiroz das investigações num processo nebuloso em que não se sabe com certeza se ele saiu ou foi “saído”, supera por larga margem qualquer prejuízo político que o presidente possa ter tido durante todos os escândalos forjados pelo PIG.
Como acontece sempre com quem tem muito poder, o presidente da República acabou se convertendo no pior inimigo de si mesmo ao deixar correr as coisas sob suas barbas. Não é de hoje que se faz uma crítica a ele que, ao menos essa, tem lá, sim, sua validade.
Dizem que Lula é “leniente” com a, digamos, independência de seus subordinados. Quando acontece um ato político estúpido como o de o presidente se reunir com o símbolo do abafamento da investigação Dantas, com Gilmar Mendes, e logo depois ser anunciado o afastamento do delegado Queiroz, deve-se aceder à suposição sobre o chefe do Executivo ser “leniente”.
E notem que o que pesa contra Lula pode ser até mais grave. Pouca gente se deu conta de que andam dizendo que o ex-diretor-geral da Polícia Federal Paulo Lacerda era quem, de fora do comando da PF, apoiou as investigações aceleradas sobre Dantas, enquanto que o atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, teria se convertido num obstáculo às investigações. Ora, se o governo Lula trocou Lacerda por Corrêa, trocou quem queria investigar Dantas por quem não queria.
Antes de acontecer tudo isso, porém, podia-se supor que, com ou sem o delegado Corrêa, a investigação sobre Dantas estava avançando. Com os afastamentos do delegado Queiroz e do delegado Corrêa o que fica agora é que há que esperarmos pelo desenrolar dos fatos, pois, se o governo puser no comando da investigação gente que dará continuidade a ela e, como bem lembrou Luis Nassif em seu blog, alguém que não terá pesando contra si as desqualificações que o PIG estava usando contra Queiroz, isso poderia fazer fluir a investigação.
Mas, como tudo na vida, essa teoria tem um porém. O delegado Queiroz mexeu com o PIG. Na verdade, desde a semana passada o delegado vinha sofrendo ataques virulentos porque havia acusado a Veja, a Folha e a IstoÉ de terem agido a serviço de Dantas. Na Folha, na segunda-feira, o colunista Fernando de Barros e Silva fez ataques pessoais a Queiroz, tachando-o de “Uma mistura de Eliot Ness com Sassá Mutema”. No day after do afastamento do mesmo Queiroz, o colunista da Folha Igor Gielow explica porque o delegado era tão ruim (para a Folha e o resto do PIG):
Queiroz cometeu diversos erros e exageros. A leitura de seu caudaloso relatório transparece o trabalho de uma mente enevoada por um voluntarismo messiânico que fez lembrar os "bons tempos" do procurador Luiz Francisco de Souza -aquele cruzado contra os excessos tucanos que, curiosamente, amansou sob o governo Lula.
Não importa que ele não saiba escrever em português compreensível; assusta que ele acredite representar "o bem" em uma batalha. Isso é inaceitável na condução de uma função de Estado. As decorrências legais são as conhecidas: abusos e ilações paranóicas.
Conclusão: Lula fez o que o PIG queria. Que se investigue Dantas – vão se os anéis, ficam os dedos... Mas que não se incomode o PIG. Deu certo.
Como acontece sempre com quem tem muito poder, o presidente da República acabou se convertendo no pior inimigo de si mesmo ao deixar correr as coisas sob suas barbas. Não é de hoje que se faz uma crítica a ele que, ao menos essa, tem lá, sim, sua validade.
Dizem que Lula é “leniente” com a, digamos, independência de seus subordinados. Quando acontece um ato político estúpido como o de o presidente se reunir com o símbolo do abafamento da investigação Dantas, com Gilmar Mendes, e logo depois ser anunciado o afastamento do delegado Queiroz, deve-se aceder à suposição sobre o chefe do Executivo ser “leniente”.
E notem que o que pesa contra Lula pode ser até mais grave. Pouca gente se deu conta de que andam dizendo que o ex-diretor-geral da Polícia Federal Paulo Lacerda era quem, de fora do comando da PF, apoiou as investigações aceleradas sobre Dantas, enquanto que o atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, teria se convertido num obstáculo às investigações. Ora, se o governo Lula trocou Lacerda por Corrêa, trocou quem queria investigar Dantas por quem não queria.
Antes de acontecer tudo isso, porém, podia-se supor que, com ou sem o delegado Corrêa, a investigação sobre Dantas estava avançando. Com os afastamentos do delegado Queiroz e do delegado Corrêa o que fica agora é que há que esperarmos pelo desenrolar dos fatos, pois, se o governo puser no comando da investigação gente que dará continuidade a ela e, como bem lembrou Luis Nassif em seu blog, alguém que não terá pesando contra si as desqualificações que o PIG estava usando contra Queiroz, isso poderia fazer fluir a investigação.
Mas, como tudo na vida, essa teoria tem um porém. O delegado Queiroz mexeu com o PIG. Na verdade, desde a semana passada o delegado vinha sofrendo ataques virulentos porque havia acusado a Veja, a Folha e a IstoÉ de terem agido a serviço de Dantas. Na Folha, na segunda-feira, o colunista Fernando de Barros e Silva fez ataques pessoais a Queiroz, tachando-o de “Uma mistura de Eliot Ness com Sassá Mutema”. No day after do afastamento do mesmo Queiroz, o colunista da Folha Igor Gielow explica porque o delegado era tão ruim (para a Folha e o resto do PIG):
Queiroz cometeu diversos erros e exageros. A leitura de seu caudaloso relatório transparece o trabalho de uma mente enevoada por um voluntarismo messiânico que fez lembrar os "bons tempos" do procurador Luiz Francisco de Souza -aquele cruzado contra os excessos tucanos que, curiosamente, amansou sob o governo Lula.
Não importa que ele não saiba escrever em português compreensível; assusta que ele acredite representar "o bem" em uma batalha. Isso é inaceitável na condução de uma função de Estado. As decorrências legais são as conhecidas: abusos e ilações paranóicas.
Conclusão: Lula fez o que o PIG queria. Que se investigue Dantas – vão se os anéis, ficam os dedos... Mas que não se incomode o PIG. Deu certo.
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