O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, anunciou ontem a sua entrada no processo eleitoral de 2010, quando será escolhido o novo governador de Minas Gerais. Patrus e o prefeito Fernando Pimentel podem ser adversários na disputa e travam hoje uma batalha interna dentro do PT em virtude da aliança com o PSDB para a sucessão municipal. Contrário à dobradinha proposta por Pimentel, o ministro disse que não vai permitir que o Estado passe por um processo eleitoral semelhante ao que vive Belo Horizonte. "Uma coisa eu estou determinado e afirmo: nós vamos lutar para que em Minas não aconteça o mesmo que, infelizmente, aconteceu em Belo Horizonte", disse ao ser questionado se seria candidato ao governo estadual. Ele não negou nem confirmou a candidatura, mas fez questão de afirmar que está inteiramente absolvido com os trabalhos no ministério. Nos bastidores, Patrus teria antecipado a seus aliados a intenção de mostrar que está no páreo no pleito de 2010 porque Pimentel estaria tentando consolidar sua candidatura ao mesmo posto. O ministro criticou a posição do prefeito em relação ao processo referente à sucessão municipal e a relação que é feita, nos bastidores, da disputa com as eleições ao governo de Minas. Ele afirmou que vai cumprir apenas a decisão do diretório nacional do PT, que deve decidir no dia 30 de maio se aprova ou mantém o veto à dobradinha de Pimentel. "Vou cumprir a decisão da instância superior do meu partido", disse. Até o próximo dia 30, os petistas mineiros travam uma luta pelos votos do diretório nacional. E o pano de fundo é a disputa pela presidência nacional do partido, que, por sua vez, está diretamente relacionada à corrida pelo Palácio do Planalto.O mais novo argumento que surgiu nos bastidores é o Processo de Eleições Diretas (PED) do PT, que acontece no ano que vem, quando será eleito um novo presidente. Garantir votos para uma das três correntes que devem apresentar candidatos seria uma forma de negociar apoio à questão eleitoral de Belo Horizonte neste ano. Petistas contrários e favoráveis à dobradinha se acusam de tentar negociar o apoio mineiro a um candidato do campo Construindo um Novo Brasil (CNB), que deve apresentar dois candidatos. Um deles seria ligado ao grupo da ministra do Turismo Marta Suplicy e o outro ao atual presidente da sigla, Ricardo Berzoini. O ministro Tarso Genro seria o líder do grupo oposicionista que lançaria um concorrente e possivelmente não defenderia uma candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República. O trabalho dos mineiros é no grupo de Marta. Eles estariam querendo trocar o apoio a um candidato do grupo em troca do aval à proposta que defendem para a sucessão na capital mineira. Diretório. Apesar dos esforços de Pimentel nos últimos dias para convencer integrantes do PT a aprovar a aliança com o PSDB na capital, os principais nomes do diretório nacional da sigla ainda são resistentes ao acordo e devem vetar a coligação na próxima semana. Mas existe, nos bastidores, uma possibilidade para que Pimentel não saia muito abalado da disputa. O diretório nacional vetaria a aliança com o PSDB, porém remeteria a decisão sobre a eleição para a ala municipal em um acordo com o prefeito. Pimentel teria que dar garantia de que não levaria adiante a dobradinha e buscaria uma outra alternativa. Deste modo, a decisão final ficaria oficialmente nas mãos dele. No entanto, Pimentel se veria obrigado a escolher um novo rumo para o partido que não inclua a participação formal do PSDB. Mesmo com a possibilidade de um acordo, Pimentel não irá desistir de angariar votos. Ele promete ir até o último instante na tentativa de convencimento da ala nacional do PT. Enquanto isso, os adversário à dobradinha se movimentam para manter o veto da executiva nacional. Ontem, uma importante liderança do PT teria negado que haja pressão do presidente Lula no processo.
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