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17 de fev. de 2007

PTB articula-se para ser oposição



Criado na década de 50 pelos queremistas para sustentação de Getúlio, PTB agora abrigará os novos reformistas do Estado
Com a independência que os atuais dirigentes do PTB querem impor ao partido, principalmente junto ao governo federal, e com a entrada do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL), pouco espaço restou para os políticos que usavam a legenda apenas para permanecer no cenário político, ocupando cargos e sem qualquer linha programática. Não será apenas o governo federal que terá que enfrentar a independência do PTB. Em diversos Estados, como em Minas Gerais, a atual direção promete surpresa. O ministro do Turismo Walfrido Mares Guia afirmou ontem (15) que deseja sair do PTB e manter seu apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mares Guia disse que sua vontade de sair da legenda é motivada pela "crise interna vivida" pelo PTB. "O partido não apóia o governo, não explicita o apoio ao presidente. É o "to be or not to be". Eu não posso falar mais nada. Eu tenho desejo de sair dada essa indefinição. Para mim é desconfortável estar no governo tendo apoio da bancada, mas o partido não se explica", afirmou.
A declaração de Mares Guia expõe o desejo do ministro e da bancada petebista na Câmara de aderir ao governo de coalizão de Lula e dessa forma conseguir um ministério do governo. O problema é que o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), quer romper com o governo Lula.A indefinição do partido se reflete, também, na conclusão da reforma ministerial pelo presidente Lula. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ontem que o presidente espera que o PTB resolva o impasse dentro da legenda para definir se manterá o partido no primeiro escalão. Atualmente, o PTB detém o comando do Ministério do Turismo.
Lula deve indicar o deputado José Múcio (PTB-CE) para a liderança do governo na Câmara. A estratégia do presidente é manter a bancada petebista ao seu lado, mesmo com o racha interno da legenda. Articuladores do governo avaliam que ceder a liderança do governo ao PTB é uma maneira de acomodar a legenda na reforma ministerial, uma vez que Lula estuda manter Walfrido no ministério --mesmo que ele mude de partido.Fiel ao estilo mineiro, Walfrido evitou comentar o seu destino quando consolidar a saída do PTB. "A história de eu estar saindo do partido é perfeitamente viável. Para onde eu vou, é especulação", afirmou.Apesar de não esconder a insatisfação com o partido, Walfrido disse que a legenda deve encontrar uma solução única para o impasse. "A bancada dá apoio integral ao governo, mas o partido é uma instituição. Estou há 16 anos no partido", desabafou.

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