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EDITORIAL
Um jornal de Montes Claros
DAQUI surge num momento de incredulidade do montes-clarense, pretendendo ser o porta-voz de quem ainda tem a capacidade de se indignar contra os atos insanos que atingem nossa cidade. Montes Claros encontra-se nas mãos daqueles cujos objetivos passam longe do interesse maior da população. Infelizmente, isso ocorre no poder público, mas também contamina e corrói outras instâncias que compõem a sociedade e que têm a obrigação de colocar o cidadão como centro de suas atenções. Até porque são sustentados pelo contribuinte.
A cidade passa por uma crise de valores, em todos os segmentos. Com isso, abre-se uma lacuna para questionar, denunciar e exigir uma tomada de posição das autoridades. A partir deste primeiro número esse será o caminho a ser perseguido pelo novo jornal que surge nos Montes Claros. Ser combativo, nunca leviano; pecar por excesso, nunca por omissão serão os mandamentos sagrados do DAQUI. Na página 15, por exemplo, mostraremos a estranha indiferença do Ministério Público frente a uma tramóia protagonizada pela Prefeitura.
Diariamente, e sob o olhar omisso de quem deveria reagir, as pessoas, notadamente as mais carentes, são humilhadas e desrespeitadas em seus direitos constitucionais e inerentes à dignidade humana, como o acesso à Justiça e à saúde. Neste exato momento, enquanto o leitor passa os olhos neste editorial, dramas como o do caseiro Vicente Pereira dos Santos, de apenas 32 anos, estão sendo reprisados nos hospitais de Montes Claros. Por falta de atendimento especializado, que só se encontra em Montes Claros, ele morreu em Francisco Sá, vítima de uma pneumonia agravada por infecção hospitalar.
Acionados, os hospitais Santa Casa e Aroldo Tourinho recusaram receber o paciente. Omissão criminosa, que conta com a cumplicidade do MP e da Justiça. É desnecessário dizer que a vítima deveria ter garantia de atendimento, de acordo com a Constituição e as próprias diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que preconiza assistência universal. Os hospitais alegaram que não tinham vaga, mas, nesses casos, cabe à Justiça determinar a internação em leito particular. Mas, onde encontrar promotores e juízes numa sexta-feira à noite? Quem sabe, deitados em berço esplêndido.
Editor: Waldo Ferreira